Utilidade Pública #2

Bom, povo, demorei, mas voltei...

Vamos falar um pouquinho de dor?

Estou passando por uma fase nova na minha vida, vou passar por uma colecistectomia videolaparoscópica (retirada da vesícula por meio de incisões menos agressivas), pois estou com colelitíase, as famosas pedras na vesícula.

Acho importante divulgar algumas informações deste tipo, já que é um problema consideravelmente comum, apesar da complexidade do diagnóstico. Resolvi fazer uma varredura na internet pra descobrir o que estava acontecendo e o que aconteceu dentro de mim - que sempre tive uma saúde de ferro, apesar de ser totalmente desregrada quanto à minha alimentação.

Vou contar um pouquinho da minha história... Então senta ai, Cláudia...

Bem, sempre fui gordinha, sempre gostei muito de comer. Se ficava triste, comia, se ficava alegre, também. Se estivesse ansiosa, só faltava roer os batentes das portas de casa. Minha mãe e boa parte dos meus tios e primos da parte dela, sempre tiveram alguma complicação relacionada ao trato gastro-intestinal, mas eu sempre fui muito saudável, nunca tive nada, meu irmão que era o filho doente, com bronquite asmática, rinite, sinusite, ite, ite, ite... Eu não, não precisava me preocupar... Quem dera...

Na fase do fim da faculdade e entrada no mercado de trabalho é que o bicho pegou... A ansiedade estava no seu ápice, não me controlava mesmo, comia o que via pela frente, apesar de minha mãe sempre dizer: "não é só a fome que mata, a gula também...", mas como sempre, eu achava que ela tava é me regulando. Até que um belo dia, ou melhor, uma bela madrugada, após mandar pra dentro a janta, duas bolas de sorvete de flocos bem caprichadas, calda quente de chocolate e bolo de chocolate quente com a calda quente que já havia comido, comecei a sentir dores horríveis e tive a certeza de que minha hora de partir havia chegado... Senti dores no peito, na barriga, nas costas, na cabeça... Enfiei o dedo na garganta pra ver se aquilo tudo saía, mas nada (que fique claro que não sou bulímica)... Tomei dipirona... Nada... Leite de magnésia... Nada... Simeticona... Nada... Comecei a chorar pensando que ia morrer... Deitava e me sufocava com a dor... Não conseguia andar direito, minha coluna não ficava ereta... Pedi pro meu irmão me levar no pronto-socorro, mas eram 5h da manhã e ele não teve coragem de me levar na garupa da moto daquele jeito, então ele acordou minha mãe e chamou um táxi pra irmos... Cheguei lá, como era esperado, o médico perguntou o que se passava e eu disse que sentia dores tremendas... Ele então preparou uma seringa com Buscopan®, enfiou na minha veia e me mandou voltar pra casa. Fazer o que? Voltei... Daí minha mãe marcou uma consulta com um gastroenterologista e eu fui, ele então me disse que eu tive uma intoxicação alimentar por excesso, me mandou tomar por um mês uma cápsula de omeprazol pela manhã e fazer uma dietinha leve, para que meu estômago se recuperasse. Tudo bem, na época achei que fosse só isso mesmo, mas hoje, depois de 2 anos, vejo que aquilo não foi só uma intoxicação, foi minha primeira crise, ou minha primeira cólica biliar!!!

Fiquei com medo de comer qualquer coisa por todo esse mês que se passou, mas logo retomei minha atividade alimentar com aquele pique de antes. Daí, esse ano, lá em janeiro, comecei um tratamento para perde de peso, até que em abril, quando comecei a tomar a 3ª leva de medicamentos, a farmácia em que eu costumava manipular minha fórmula não adicionou o meu tão necessário omeprazol, o que acabou por desencadear crises e mais crises biliares. Houve um dia que eu suava frio e tremia de dor, não conseguia se quer me desapoiar da pia do banheiro para ligar o chuveiro e tomar um banho. Não comia, só bebia água e dormia. Fiquei muito fraca, perdi muito peso e fiquei com uma aparência horrível: olhos fundos e pálida como um zumbi... Até que resolvi procurar pelo gastro novamente, me queixei das dores, que se iniciavam no estômago e se irradiavam por todo abdômen, sendo mais intensas no centro e na lateral direita. Ele me examinou, pressionou a região e a dor persistia. Então ele solicitou uma radiografia do abdômen superior e olha só:

Na imagem da direita daá pra ver umas bolinhas brancas, são elas as minhas pedrinhas...

Então ele me explicou que a remoção da vesícula era a melhor alternativa, visto que se os cálculos se formaram uma vez, é bem provável que se formem novamente, além do que, considerando a quantidade de pedrinhas visíveis, minha vesícula já não serve pra mais nada.

Então vamos lá, vamos entrar na faca e resolver logo esse empasse... Já fiz todos os exames, a cirurgia já foi autorizada, então agora só falta marcar e fazer. Vou deixar mais alguns posts programados e depois volto pra contar como foi tudo, ok?